O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

sábado, 26 de junho de 2010

O início, o fim e o meio

Iniciei a mais ou menos uns 2 anos minha pesquisa e estudo, embora meramente virtual, pelo fenomeno do futebol. (foi no periodo de 2008 quando o America estava na Serie B)

Desde o entendimento arcaico do jogo, onde analisava a partida de forma individual por jogador e considerando apenas aspectos de corrida, velocidade e finalizacao, posteriormente a consideracao destes fatores agregados a plataforma de jogo, mais a frente a consideracao da plataforma aliada a alguns principios e no presente a consideracao do modelo de jogo, onde os mecanismos sao aspectos chaves. O crescimento que obtive a respeito do jogo me ee assombroso. EE dificil acreditar que de um total senso comum consegui aos poucos ir tendo uma base cada vez mais solida e podendo discutir futebol com pessoas que sei do alto entendimento e pratica a respeito do jogo.

O futebol nao proporcionou somente o estudo do futebol, de conhecer pessoas muito interessantes e competentes da area e ter acesso a um mundo restrito, onde se conhece o futebol. No decorrer do estudo me deparei com temas que foram sendo estranhos mas logo incorporados. No inicio foram as descobertas de Antonio Damasio e Daniel Goleman a respeito das emocoes e na importancia delas para a aprendizagem. Depois tive acesso a Teoria dos Sistemas e da Complexidade que me fizeram observar o mundo de outra maneira ao ponto de as considerar temas fundamentais a qualquer estudo e qualquer ser humano. E mais recentemente me liguei a temas da area educacional que me fizeram ver a educacao nao como uma transferencia mas como uma comunicacao. Acima de tudo, a ligacao desses temas citados e de tantos outros me proporcionaram ser muito mais do que eu sou, e tudo isso devido ao futebol.

Entretanto, cada vez mais que ia me ligando a esses temas e a alguns outros que eles acabaram me arrastando, fui me afastando cada vez mais do futebol (de sua essencia).

Recentemente comecei a ler psicanalise e percebo a grandiosidade de questoes abertas na psicologia, existe um mundo em lacunas ainda para serem explorados, como tambem no futebol. Mas enfim, acredito que o estudo da psicologia sera o melhor pra mim. EE um tema abrangente, com muitas lacunas e que se envolve com a minha essencia de ser humano, com minha personalidade e acho que ee esse o caminho que devo seguir para me tornar mais feliz e realizado comigo mesmo.

Nao haveria necessidade de fechar o blog para estudar psicologia, ja que tenho 16 anos e ainda nao curso nem a faculdade. Todavia, optei por fechar o blog pois quero me dedicar exclusivamente a isso sem distracoes nem comprometimentos com outras questoes, isso ee, vou parar de me dedicar ao estudo do futebol e portanto nao irei mais fazer postagens.

Mas quando digo que irei fechar o blog, quero dizer que irei parar de postar, entretanto, vou deixar o blog aberto, sem o excluir. Por dois motivos: Pode ser que alguem queira consultar ou pegar algum texto aqui e tambem porque alguem pode descobrir o blog pela internet e despertar a curiosidade para o estudo do futebol atraves dele, e para mim isso se torna uma coisa muito importante.

Mas anter de fechar o blog, preciso fazer alguns agradecimentos:

Gostaria de agradecer a Breiller, do Rola Blog, pois sempre me tratou com atencao, respeito e me ajudou nessa caminhada.

Tambem gostaria de agradecer a Bruno Pereira do blog Quero ser treinador, pois ha algum tempo vem frequentando o blog e gerando discussoes, coisa que agradeco bastante a atencao dele.

Tambem agradeco a Carlos e aos leitores do Futebol o Desporto Rei, pois abriu o espaco para efetuar uma coluna semanal no blog.

Agradeco tambem a todos (embora nem me conhecam) da Universidade do Futebol, pois realmente ee o maior e melhor portal de futebol do brasil, trazendo excelente conteudo (embora nao entenda porque, por exemplo, o idiota do Mauro Betting tem uma coluna la).

Agradeco tambem a Luis Esteves e Julian Tobar, dos blogs Periodizacao Tatica e Pressing Zone, por usarem seus blogs para explanar e difundir conteudo de alto nivel sobre futebol na internet, fato que me proporcinou muitas leituras e muita aprendizagem. Bem como agradeco por frequentarem meu blog e sempre ter muita atencao em responder questionamentos e ajudar.

E por fim, gostaria de agradecer ao professor Rodrigo Vicenzi Casarin, o professor Rodrigo. Apesar de graduado, fazendo pos-graduacao e em breve seu mestrado, o professor Rodrigo desde quando o adicionei no msn, atraves do contato inicial pelo blog, perdeu muito do seu tempo para conversar comigo, tirar duvidas, me ajudar a entender questoes, discutir algumas outras questoes, me ajudar e orientar como no trabalho que fizemos a respeito do modelo de jogo global das equipes brasileiras e inglesas, que embora simples foi extremamente grandioso e enriquecedor pra mim. Entao, realmente agradeco muito a voce Rodrigo, pois sempre foi humilde, atencioso e sempre me incentivou ao crescimento, entao, nao tenho nem como agradecer a voce por tudo que me fez. Espero que nao tenha o desapontado, mas como falei, acho que estou seguindo um bom caminho.

E so para fechar, nao tenha total seguranca a respeito da minha decisao, pode ser que mude, embora ache que nao ira ter mudancas, sempre estive e continuarei aberto ao que achar que sera melhor, mas no momento ee isso.

Nao sei muito o que dizer, entao, vou dar somente um tchau e escrever aqui embaixo fim, so para copiar o final da novela das oito da globo, lembrando que todo fim gera um novo inicio.

FIM!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A real importancia da Copa do Mundo

Estava conversando no msn com o professor Rodrigo Vicenzi Casarin a respeito de algumas questoes da copa do mundo.

Nao existe nenhum estudo que comprove, segundo o professor Oliver Kawase Seitz, que mega-eventos esportivos, como a Copa do Mundo, sejam projetos interessantes financeiramente para o pais sede das competicoes. Entretanto, acredito que muitas pessoas ou instituicoes ganham dinheiro com mega-eventos como a Copa do Mundo.

Todavia, a importancia da Copa para por ai, talvez tambem tenha alguma importancia do ponto de vista antroposocial, pois na questao dos jogares das equipes a Copa do Mundo tem uma importancia zero.

Inicialmente, me parece que a maior parte das equipes que estao disputando uma Copa do Mundo ja nao expressam uma identidade cultural no seu jogar, e nao credito isso a naturalizacao de estrangeiros em selecoes, vejo outros motivos, enfim, isso ee algo interessante de se notar.

E em ultimo lugar, a Copa do Mundo ee um evento futebolistico de baixissimo nivel, os jogos podem ter uma importancia e emocao porque ee nossa patria que esta em jogo, mas do ponto de vista de um jogar organizado e de alto nivel a competicao deixa muito a desejar. Como disse o professor Rodrigo, muitas das equipes que estao disputando a Copa do Mundo sao piores do que equipes brasileiras que fazem parte da 3 divisao do brasileirao, e concordo plenamente.

Talvez alguns possam alegar que isso ocorre porque nao existe tempo para se treinar uma selecao, mas nao consigo ver as coisas dessa maneira. Primeiro porque o treinador tem um periodo de quase 4 anos de trabalho, muito embora, esse tempo venha a ser mutilado, e em segundo lugar, existe um tempo para se trabalhar antes da Copa e durante a Copa. Agora, o que ocorre ee que muitos treinadores envez de estarem exercitando seus principios de jogo estao colocando os jogadores para correr ou fazer musculacao e depois dizem que nao tem tempo para treinar e nao sei o que la.

A conclusao entao ee: A Copa do Mundo nao traz nada de real sobre a cultura das equipes, ee uma competicao onde existem muitas equipe extremamente fracas (e que mesmo assim se dao bem) e que serve de alguma maneira (que eu nao sei) do ponto de vista social e tambem para outros tantos ganharem algum dinheiro.

Análise Portugal - Costa do Marfim

Texto de Marisa Gomes.

A participação das equipas no Mundial tem sido marcada pela importância de não perder jogos, mesmo que isso se traduza em empates sucessivos e equipas em contenção durante longos períodos de tempo, sobretudo as que possuem menor prestígio no ranking. A primazia defensiva para travar as investidas das equipas adversárias tem sido uma dominante nesta competição, mesmo que se expresse num ganho de 1 ponto, o que se perspectiva como uma riqueza fundamental por parte da grande maioria das equipas. Independentemente da qualidade de jogo, da manifestação ou não do trabalho de um corpo técnico com ideias próprias.

De louvar os treinadores que conseguem fazer das suas equipas uma identidade colectiva na qual estão inseridos, independentemente de reconhecermos que as identidades culturais dos vários países já não é o que era. Vemos equipas que marcaram ao longo da sua evolução uma cultura de jogo que permitia distinguir as equipas mesmo sem camisolas apenas pela forma como jogam (funcionalidade). Assim, treinadores de diferentes países fazem com que as selecções apresentem um futebol que pode identificar-se ou não com a história do país (selecção). Um exemplo concreto é a Argentina, que continua a ter muitas dificuldades em jogar sem bola e por isso, quando a tem, joga sempre com a mesma paixão, seja qual for o resultado. Contudo, falemos do primeiro jogo da nossa selecção.

O jogo começou por evidenciar a Organização Defensiva adversária: fechar a bola no meio campo defensivo, sobretudo com muita proximidade nas zonas centrais do terreno. Em virtude disso, tínhamos muito mais tempo-espaço para circular a bola por trás (menor pressão), pelo eixo da defesa no nosso meio campo. Apesar disso, percebemos que a Costa do Marfim exercia uma maior pressão quando progredíamos com a bola para o seu meio campo. Perante esta dificuldade, Portugal evidenciou um dos seus maiores problemas: a Organização Ofensiva.

Neste contexto começamos por ter a bola nos sectores mais recuados, sem grande reacção da equipa adversária quando isso acontecia. Estabeleceram um perímetro espacial no meio campo, como se não se importassem que tivéssemos a bola no nosso meio campo. Perante isto, circulamos a bola por trás, contudo, não conseguimos fazê-la progredir com qualidade. Porque não circulamos a bola para criar espaços no meio campo adversário, mas sobretudo porque não reconhecemos o lado mais vazio para fazer a bola progredir. De evidenciar que sempre que circulamos a bola pelo sector da defesa não conseguimos fazê-lo com ganho de espaço na sua circulação. Ou seja, tivemos a bola mas não a fizemos andar no sentido contrário à defesa adversária e não lhe imprimimos a velocidade desejável para gerar um desequilíbrio defensivo adversário que nos permitisse progredir com eficácia e objectividade.

Para além disso, a concentração adversária na zona central exigia que jogássemos por fora. Deste modo, a bola ao circular entre os centrais teria de ter um propósito: acelerar a bola (através de passe) pelo lado mais vazio, pelos laterais. Contudo, isto carece de um pressuposto: abertura (amplitude) posicional dos laterais que têm que ter como preocupação fazer a bola progredir para acelerar o jogo. Através do passe. No entanto, os nossos laterais não foram capazes de receber a bola dos centrais com vantagem (espacial-temporal), ou seja, os laterais recebiam a bola quando os adversários já estavam enquadrados sobre a mesma. Daí a grande dificuldade em acelerar o jogo nas linhas mais recuadas. Se não melhorarmos esta sub-dinâmica (intersectorial) vamos ter sempre pouca eficácia contra equipas que jogam concentradas nos espaços mais recuados.

Esta dificuldade teve ainda duas agravantes: a dinâmica posicional do pivot Pedro Mendes e médios interiores, Deco e Raúl Meireles; e a predisposição posicional dos extremos, Ronaldo e Danny.

No decorrer do jogo percebemos que a bola circulava nos sectores mais recuados por termos menos pressão e sobretudo porque sentimos muitas dificuldade em fazer a bola entrar no pivot e médios interiores. Verificamos que havia uma grande mobilidade destes três jogadores quando a bola estava nos centrais. Contudo, não conseguiram criar espaço (através dessa mobilidade) para receberem a bola. Acompanhados pelo adversário não conseguiram receber em condições de fazer a bola progredir com qualidade. Assumindo que estes jogadores são fundamentais na ligação (dita construção) do jogo e não conseguiram ter condições para receberem a bola e fazê-la progredir, estivemos muito condicionados. Face a isto, vimos o Bruno Alves a jogar a bola para os extremos em tentativas frustradas de acelerar o jogo. Simplesmente porque não é sua função ser pivot! Para que tivéssemos capacidade para jogar com jogadores de ligação (pivot e médios interiores), tendo em conta a oposição adversária, tínhamos que:

* privilegiar o jogo posicional da estrutura central do pivot-médios interiores. Ou seja, não podiam estar em constante mobilidade, sem criar espaço face à pressão adversária. Porque nunca conseguiam receber a bola e quando isso acontecia não tínhamos boas condições para a fazer progredir com qualidade, acelerar. O que fez com que o Deco insistisse no drible para o fazer, ganhando algumas faltas mas sem fazer a diferença na qualidade de passe que o caracteriza. Presos a uma mobilidade sem bola, não conseguiram ligar o jogo.


* fazer campo maior na linha da defesa para ganhar espaço para a intervenção funcional do pivot. Como o pivot não conseguiu espaço no meio campo ofensivo para ligar a bola pelos vários corredores e sectores, a linha da defesa deveria criar espaço mais atrás e o Pedro Mendes poderia recuar um pouco mais para ligar o jogo. Assim, desempenharia o seu papel, enaltecendo as suas características e promovendo uma dinâmica de qualidade à bola. Assumindo-se como referência central, teria que ser o pivot da equipa em detrimento do Bruno Alves que passou a desempenhar este papel face às condições existentes. O recuar do Pedro Mendes permitir-nos-ia ganhar espaço na frente, pelas suas escolhas e pela aceleração da bola com mais critério e qualidade porque a sua mobilidade fê-lo passar ao lado das suas funções, a equipa jogou sem uma referência fundamental na ligação da bola e a sua entrada na frente (bem como o Raul e Deco) agravou a concentração defensiva adversária.



A dificuldade de fazer uma circulação da bola de qualidade, acelerando-a pelos espaços mais vazios, deveu-se também ao desempenho dos extremos. A necessidade de ganhar espaço carecia de referências laterais, para ganhar vantagem espacial sobre a concentração defensiva adversária e sobretudo, para se ganhar espaço no meio. Contudo, verificamos que isso não aconteceu devido às relações de lateral-extremo. A sub-dinâmica destes jogadores baseou-se na relação: um dentro e outro fora. O que se traduziu no lateral a receber a bola fora e a precisar de um apoio aberto do extremo (face ao fecho interior dos adversário). Não aconteceu, agravando a falta de espaços dos médios interiores. Tal facto impossibilitou a exploração do espaço interior pelos extremos, quer em drible, quer em passe, já que o Cristiano faz a diagonal para dentro com bola, arrastando consigo muitos defesas, o que permitia ganhar espaço para os colegas e o Simão pede a bola sempre aberto, ganhando muitas das vezes espaço para fazer um passe para o meio com qualidade, direccionado e com sentido. Não conseguimos fazê-lo porque pedíamos a bola no meio e não conseguíamos ter tempo-espaço para jogá-la com critério. A pressão fez com que a bombeássemos para a frente, esperando milagres num Liedson que raramente recebeu uma bola em condições favoráveis, pelo chão e apoiado.

Assim, o modo como a bola chega aos sectores mais avançados não nos permite ser mais eficazes, agravando-se tal ideia com a proximidade com a baliza. Não temos tido capacidade para jogar apoiados, para fazer a bola progredir no último terço com algumas condições favoráveis para não a perdermos. A dinâmica nos sectores mais adiantados não nos favorece. E não é devido aos jogadores. É um problema de funcionalidade. Não temos apoios favoráveis e não fazemos a bola circular-progredir do mesmo modo que noutras zonas do terreno. O que é um contra senso! Uma vez que temos debilidades na finalização, temos que criar condições para que se desenvolva com o mínimo de qualidade. Jogar comprido, bombear bolas para a área não é o caminho eficaz, porque não somos combativos e eficientes no ganho destas bolas. Porque é a zona com maior pressão adversária, porque somos melhores com a bola no chão e no jogo apoiado!

Jogar a bola no último terço do campo é um imperativo para resolver os problemas de finalização. Fazendo meínhos em progressão com a bola para a fazer chegar à baliza, jogando-a com dinâmica para criar espaços, não fazendo sempre um drible para depois dar seguimento à bola, recebendo-a para a fazer jogar (em passe, em drible, em antecipação) dá-lhe uma aceleração exponencial. Desta forma teríamos um Liedson a jogar e uma equipa a ser mais ofensiva.

Com um jogo muito difícil, esperemos que a equipa seja capaz de jogar com uma dinâmica colectiva mais apoiada para acelerar o jogo. Isto porque a Coreia revelou ser uma equipa que nos irá colocar problemas defensivos no seu meio campo, com grande sensibilidade para sair em transição com perigo. A perspectiva para este jogo não pode conter qualquer tipo de facilitismo porque o grau de dificuldade parece ser bastante grande. Boa sorte!

Brasil nao devera passar para as oitavas de finais

Desde que vi o jogo entre Brasil e Coreia do Norte estava querendo fazer uma observacao. Todavia, achei que observacoes como a que me despertou o interesse seriam meio que ridiculas e que so serviriam para considerar o que escrevo babaquice...Contudo, acabei vendo na coluna do prof. Leitao que ele deu seus "pitacos", entao, tomei coragem e resolvi fazer um pequeno comentario do que achei do jogo do Brasil.

Bem, eu observei rapidamente o jogo entre Costa do Marfim e Postugal. Achei a Costa do Marfim uma boa equipe, que tem consciencia na organizacao defensiva e tambem tem uma boa organizacao ofensiva, Portugal tambem me pareceu bem e vejo possibilidades de melhora.

Em relacao ao Brasil, a equipe nao cumpriu seus principios adequadamente nos diferentes momentos de jogo e acredito que preocupa muito.

Poxa, quando Robinho pegava na bola e ia para uma das extremidades se deslocavam de onde fosse 5 jogadores da Coreia somente para marca-lo (estou usando hiperbole) e mesmo assim o Brasil nao conseguia desequilibrar esse defesa ridicula, inferior ao de uma equipe sub-10 do Ibis.

Eu nao acredito que um time que nao conseguiu aproveitar desequilibrios numa defesa totalmente desorganizada como a da Coreia fara algo de proveitoso contra a Costa do Marfim, que usa uma defesa zonal.

Vi uma entrevista de Mourinho onde um jornalista o pergunta se o Porto ira ser o campeao (ou ganhar a partida, enfim nao lembro. Mourinho entao responde mais ou menos assim: Nos somos a melhor equipe, a mais organizada, se o resultado conduzir com a logica do jogo nos ganhamos.

E agora tomo a liberdade para tambem dizer isso, se o resultado conduzir com a logica do jogo a Costa do Marfim ganhara do Brasil neste domingo bem como Portugal na ultima rodada. Ou seja, para mim o Brasil nao passara de fase (no caso para as oitavas de finais).

Agora, ee claro, as coisas podem nao seguir a logica do jogo. Maicon acertar um chute do meio de campo e fazer um gol ou coisas desse tipo, entretanto, repito, caso isso nao ocorra, acredito muito que o Brasil nao passara de fase, inclusive estou torcendo para isso, haja visto, que nao torco (a favor) da a selecao brasileira, bem como tambem nao torco para nenhuma outra selecao, tenho apenas simpaticas com algumas e outras equipes ou treinadores, como sao o caso de Portugal, Africa do Sul, Inglaterra e Argentina.

sábado, 5 de junho de 2010

O falso aprendizado

Saber mais é ser mais, não é repetir o que está nos livros. Dizia o Padre António Vieira: “isso não é saber, é lembrar-se”. (Manuel Sergio)

Responder ao professor o que ele pede, o que ele quer ouvir, ou passar em um exame padronizado a partir de uma visão padronizada, não é um bom modo de se mostrar alguém capaz de construir um mundo melhor. Tenho grandes dúvidas sobre a utilidade da avaliação de performance que coloca em destaque os meios, nunca os fins educacionais. Dou exemplos. A escola ensina que extrair uma raiz quadrada se faz por um procedimento, e então, o aluno repete isso e chega a um resultado, e eis que é dito que ele “aprendeu”. Aprendeu mesmo? E aprendeu o que? Aprendeu a repetir procedimentos! A escola diz que o capitalismo é um sistema de exploração e o aluno, no final do exame, repete isso. Aprendeu? Ora, aprendeu a repetir. Dogmas decorados e procedimentos padronizados, em ciências naturais e humanidades, não me parece ser algo que possa ser elogiado. Pois é o que ocorre: o aluno acertou a dar o resultado da raiz quadrada pedida e acertou no procedimento, o aluno acertou ao dizer que o capitalismo é um regime de exploração, mas em ambos os casos, era possível fazer diferente, usar da imaginação, mas não o fez. Evitou errar. Mas nem todo mundo que acerta tudo é inteligente, muito menos pode ser um projeto de “versão melhorada de nós mesmos”.

Uma raiz quadrada pode ser levada extraída por vários procedimentos. Posso afirmar que há alguns que poderiam ser inventados pelos jovens, e se tal atitude fosse incentivada, eles estariam seguindo a imaginação, a faculdade temida. É certo que o capitalismo é um regime de exploração, mas é possível ver que a palavra “exploração”, no caso, pode ser usada com conotação não pejorativa, e a conotação depende do contexto, do teórico que está definindo o capitalismo etc. Caso não exista imaginação para abordar tais nuances, é difícil dizer que o aluno que repete “o capitalismo é um regime de exploração” aprendeu algo capaz de fazê-lo um bom cidadão do mundo.

O texto acima ee de autoria do filosofo brasileiro Paulo Ghiraldelli Jr.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Férias de si mesmo

O texto abaixo foi retirado do site http://www.marioedianacorso.com, de autoria do psicologo e psicanalista Mario Corso:

Férias de si mesmo

Uma das idéias mais comuns é que somos todos estressados, estaríamos sempre querendo esquecer de nós e da vida que levamos. Nosso sonho é chutar pra cima tudo que nos incomoda e poder ficar vendo a grama crescer. No entanto, se assim conseguimos um alívio do cotidiano, seguimos sendo nós mesmos. Isso é algo a ser levado a sério, afinal, tem gente que nem sai de férias por que sabe que vai junto, sabe que é um chato incorrigível e então o melhor é ficar no trabalho mesmo.
No meu entender, entre as tantas coisas que o futebol proporciona, a melhor é uma legítima, embora breve, férias de si mesmo. Não estou falando da paixão clubística, mas sim de uma de suas possibilidades: a de assistir um jogo com estádio cheio.
Não funciona da mesma maneira para todos, alguns pegam a bandeira e quando saem de casa já não são eles. Outros, de menos fé, precisam entrar no estádio-templo, sentir o ruído e o colorido de seu time para esquecerem que existem. Fundido na multidão, agora um a mais no estádio, restam poucos resquícios da personalidade original, ele é todo camiseta e bandeira. Ele que é todo duro não resiste à charanga, já nem é mais batida de samba, é uma música tribal que lhe fornece a pulsação. No gol ele vai abraçar um irmão ao lado que não conhecia, que agora é íntimo e que talvez nunca mais venha a ver. O seu nome não importa, só importa um clube, uma paixão do qual se pode perguntar tudo menos das razões desse amor. Em cima de uma escolha arbitrária, afinal nada distingue na essência um time do outro, naquele momento toda a sua alma é o destino do clube.
Nosso tempo é tão narcisista, tão individualista, que não percebe as paixões que não cabem nesse ideal. A leitura que fazemos desta vivência coletiva é pobre, seria como uma válvula de escape de formas primitivas do ego soterradas pelo jugo da civilização. Ou seja, ainda é o eu que esta lá, numa forma mais rude, mais arcaica, usando do anonimato da massa para expressar seus piores instintos. Isso não resiste à menor verificação, não há nada de primitivo, de interno, o que acontece é uma possessão, alguém deixa de ser para que aquilo maior exista.
Um domingo de sol no estádio é a negação das crenças do mundo moderno onde o que conta é o indivíduo. Um Maracanã cheio sempre vai ser de alguma forma subversivo. Quando os hooligans se descontrolam (se é que são controlados em algum momento) e saem as ruas quebrando tudo não é um ataque a civilização, é um ataque à cultura do indivíduo, eles querem é seguir sendo massa. Quando a força pública fechou a Mancha Verde (não sem razão diga-se), um dos seus líderes perguntava: o que nós vamos ser agora? Era dali que muitas pessoas tiravam a sua maior significação. As torcidas organizadas são signos da falência das formas tradicionais de dar pertença.
O resultado do jogo importa mas importa menos. Mesmo que venha a sofrer é muito mais do que a sua alma que está sofrendo, é uma alma coletiva e imensa que paira sobre tudo, ele sofre mas ainda está de férias e arrisco dizer que é melhor esse sofrimento do que o da sua vidinha. É uma derrota ou mais do que isso, uma desclassificação, mas ele não esta sozinho tem alguém ao lado que compreende tudo o que ele esta sentindo, que não precisa dizer uma só palavra para seus espíritos estarem em comunhão.
É hora de ir para casa, mas as férias não acabaram, a saída do estádio é ruidosa, é preciso aproveitar os últimos momentos pois já há sinais que a dose pode acabar. Aquilo que o estádio encerrava desborda. Ainda resta o ônibus, ou melhor ainda, uma longa caminhada com uma massa amiga. No trajeto não há mulher que fique sem adjetivos e provocação sem resposta. Mas o gás do estádio vai dissipando, as ruas vão tragando uns e outros e os tantos já são tão poucos. Passo a passo, o próximo começa a tornar-se estranho, as conversas vão rareando e ele já está sozinho. Pior do que isso: ele é ele de novo. Quando chega em casa cansado, a mulher, que é muito sensível a tudo que acontece sem ela, vai lhe dizer que acabou o leite e que o caçula está vomitando. Nosso amigo sente um gelo e sabe que a segunda-feira começou.
Amanhã tem batente, começa com uma reunião sobre qualidade total, e se a memória não falha tem uma palestra para falar como a auto-estima pode mudar a sua vida e lhe ajudar na motivação ao trabalho. Vão lhe dizer que ele estava completamente errado no domingo. Não assim diretamente, mas o que o palestrante vai lhe dizer é que o máximo de valor que alguém pode ter é em ser um indivíduo autoconfiante e auto-suficiente. Embora possam e devam haver esforços solidários o homem se realizaria de verdade é sendo ele mesmo, sendo forte e desenvolvendo o seu estilo pessoal, aquilo que o distinguirá de todos os outros, aquilo pelo qual só ele será lembrado. Nosso amigo é desconfiado, mas volúvel, já pensa numa promessa para o Menino Jesus de Praga, do qual é devoto, lhe ajudar a ser mais autoconfiante.
E se não der certo não faz mal, domingo tem decisão e a copa já esta chegando mesmo. Ele espera se sentir brasileiro como na última copa. Como é bom e como é difícil se sentir brasileiro, só na copa ou uma vez num sete de setembro, ele era criança, levava uma bandeira, mas é confuso não sabe se aconteceu mesmo.

domingo, 30 de maio de 2010

A equipe ee um todo?


Acima esta um trecho da entrevista do professor Paulo Cunha e Silva, onde aborda uma reflexao bastante interessante e que me ajudou, sem duvidas, a sair de um ponto de vista que hoje acho equivocado.