do cansaco fisico é facil falar, mas do que sentimos por dentro, que tambem existe, é mais dificil.
Sabemos que, muitos treinadores sao unanimes em considerar o processo de recuperacao do esforco de extrema importancia no dominio do futebol. No entanto, a forma de encarar e operacionalizar a mesma é que se apresenta diversa.
assim, numa primeira perspectiva, para diversos autores parece clara a necessidade emergente de compreender de forma rigorosa o impacto do jogo de futebol, nomeadamente a nivel fisiologico e funcional para melhor poder desenvolver estrategias eficazes no ambito da recuperacao. para bangsbo, a necessidade de se efetuar uma sessao de treino de recuperacao apos a realizacao de uma competicao ou de uma sessao de treino intenso, depende do nivel de condicao fisica e da intensidade de trabalho executado.
desta forma, para diogo, quando existe competicao a meio da semana ha um maior cuidado com as recuperacoes, efetuando um trabalho mais suave quando o jogo se aproxima e, depois, volta a efetuar recuperacao apos o jogo. pois nao havendo jogo durante a semana, fazemos um trabalho normal, sequenciado, incluindo ate um treino mais virado para as diferentes componentes fisicas.
do exposto anteriormente, podemos verificar que apesar de existirem preocupacoes com a recuperacao, as mesmas nao revelam uma preocupacao regular e contextualizada, dependendo sim do desgaste fisic que cada treino ou jogo proporciona.
porem, como nos apresenta figo quando jogador do barcelona, a equipe foi vitima de um certo cansaco o ano passado, fisico e de ideias, e assim é muito dificil, ir para a frente. (...) foi um problema de saturacao - nao de crise, de modelo ou de jogo - mais do que qualquer outra coisa. ou seja, é necessario comecar por perceber que a problematica da recuperacao deve ser equacionada em dois planos diferenciaveis em termos de analise, ainda que estes apenas existam em total conexao e interdependencia: o plano mental-emocional e o plano fisico.
consequentemente, constatamos assim o surgimento de uma segunda perspectiva, com a qual concordamos. tal como refere mourinho a fadiga mais importante é a fadiga central [do sistema nernovo central - mental-emocional] e nao a fisica [fadiga periferica]. qualquer equipe treinada sob o ponto de vista energetico acaba por resistir, com mais ou menos dificuldade, aquilo que é o jogo. agora, a fadiga central é aquela que resulta da capacidade de se estar permanentemente concentrado e de reagir imediatamente num determinado momento apos a perda da posse de bola, e eu penso que o desgaste é muito mais por ai.
faria acrescenta que, a base é a metodologia... (...) O rendimento dos jogadores é um fenomeno bem mais complexo que as questoes de ordem fisica. o rendimento é mental antes de ser fisico, deve ser organizacao antes de ser corrida. é tão complexo que uma abordagem redutora em treino as qualidades fisicas so representa o desconhecimento das necessidades do rendimento superior.
tambem katsouranis, apesar de se sentir cansado pelo fato de ter jogado a totalidade dos jogos pela sua equipe ate meio de fevereiro, passa para segundo plano o desgaste fisico referindo que do cansaco fisico é facil falar, mas do que sentimos por dentro entenda-se [cansaco mental-emocional], que tambem existe, é mais dificil.
neste entendimento, para fernando santos este cansaco ultrapassa-se pela ambicao e vontade que os jogadores apresentam, mas tambem pela gestao nos treinos. com a mesma opiniao encontramos meireles, para quem o elevado numero de jogos por epoca sera superado se se adequar o treino para niveis menos exigentes, nao se podendo treinar tanto.
é por esta razao que para jose mourinho as preocupacoes no processo de treino estao direcionadas na sua totalidade para a aquisicao da sua forma de jogar, contendo, por isso, a recuperacao da sua forma de jogar. treina-se em especificidade, recupera-se em especificidade.
de modo a apoiar esta afirmacao, ou seja, recuperar em especificidade, faria refere que recuperamos a treinar, por exemplo, posse de bola, mas com tempos e com periodos de recuperacao diferentes daqueles que tradicionalmente seriam utilizados num outro contexto. em conformidade o que referimos atras encontra-se o seguinte exemplo apresentado por resende: numa situacao de espaco de jogo em retangulo, encontram-se seis jogadores que estavam do lado de fora do mesmo, que tinham sido utilizados no jogo do dia anterior, enquanto dentro do rentangulo encontrava-se um jogador que fornecia apoio aos que estavam do lado de fora.
fundamentalmente este jogador evidencia funcoes no corredor central, ou esta sempre rodeado de muitos jogadores. este jogador encontra-se rodeado, dentro do retangulo, por tres jogadores que, em principio, nao jogaram no dia anterior ou, entao, jogaram poucos minutos. no fundo, a estrutura do exercicio apresenta-se num 7x3 em que sao evideciadas preocupacoes ao nivel da recuperacao, mas simultaneamente ao nivel do aperfeicoament de determinados principios de jogo articulados com sub principios que, no caso do jogador que esta dentro do retangulo, tem que evidenciar comportamentos subjacentes a sua tatica individual dentro de um principio que é a posse de bola (tatica coletiva).
assim, o direcionamento do treino para a recuperacao nao aconteceu de uma forma abstrata, uma vez que o exercicio foi realizado tendo em conta alguns principios e sub-principios da posse de bola do modelo de jogo adotado pelo treinador, defendendo a especificidade do mesmo. deste modo, encontramos a especificidade tatico-tecnica referente ao modelo de jogo (tatica individual), pois o jogador que se encontra como o joker no meio do retangulo, rodeado por tres defesas, é um jogador (ponta de lanca, medio centro) que no jogo esta rodeado de muitos adversarios. este exercicio leva a que os jogadores tenham outros comportamentos taticp-tecnicos especificos referente a organizacao ofensiva, tais como: os jogadores que estao do lado de fora do quadrado, fornecerem constantemente linhas de passe; evitam passes de primeira estacao; obrigam os jogadores a uma rapida analise da situacao, e por conseguinte, a uma adequada execucao; obrigam o jogador a escolher o colega mais apropriado e o momento exato para realizar o passe.
o exercicio referido, ao nivel da organizacao defensiva, solicita aos tres defesas uma constante pressao ao portador da bola, realizando o pressing de acordo com os feedbacks emitidos pelo treinador.
contudo, e mesmo privilegiando a recuperacao dos jogadores jose mourinho revela sempre preocupacoes com o cansaco que os mesmos apresentam, optando assim por realizar rotacao de jogadores. deste modo, fiz as alteracoes porque senti que alguns dos rapazes precisavam de jogar e outros mereciam descansar. sendo assi, podemos verificar, pelas palavras do treinador, que a rotatividade permite dar descanso a alguns dos jogadores mais utilizados, mas tambem permite que os outros joguem para evoluir e se adaptarem ao jogo. isto porque, nao ha nada mais desgastante que um jogo... tambem nao ha nada que mais interfira positivamente na adaptacao, que o proprio jogo. daqui se conclui que, a recuperacao é um complemento da rotatividade, nao sendo porem este o seu principal objetivo.
outro problema, esta relacionado com o reduzio numero de dias de descanso que as equipes de rendimento superior dispoem, pelo fato de participarem em diversas competicoes, jogando duas e ate tres vezes por semana. identicamente frade refere que jogar duas vezes por seman, e os jogos, sobretudo os jogos, tem que ter uma exigencia maxima, e se o jogo foi de exigencia maxima, com os jogadores cansados, o problema que se poe é que tempo é que eles necessitam para estar em condicoes de fazer o mesmo tipo de exigencia maxima.
bangsbo, quando treinador adjunto da juventus, referia que nao podia utilizar na serie a alguns jogadores que atuaram na liga dos campeoes alguns dias antes, porque nao recuperaram de forma satisfatoria.
o mesmo autor reforca a ideia alegando que tres dias de descanso é o minimo, mas tambem temos a experiencia de jogadores que nao recuperaram totalmente em tres dias. se possivel, deve ser tudo feito para dar aos jogadores tempo suficiente para recupera.
neste entendimento. consideramos que jose mourinho o faz da melhor forma. assim, quando treinador do porto e atualmente no chelsea, face a exigencia que determinados principios do seu jogar manifestam (pressing alto), bem como o elevado numero de jogos durante uma epoca desportiva, realiza rotatividade e descanso com bola - recuperacao no jogo -, mantendo desta forma um padrao mais ou menos regular dos niveis de desempenho apresentados.
com efeito, podemos constatar que a recuperacao se inicia no proprio jogo, continuando a desenvolver-se ao longo de cada unidade de treino sendo necessarias condicoes indispensaveis para assimilar comportamentos relativos ao jogar que se pretende. os jogadores, entre cada repeticao de vivenciacao aquisitva de propositos, tem de readquirir as condicoes que lhes permitam estar espontaneos frescos.
de acordo com mourinho, este descansar com bola no fundo, trata-se de alternar os momentos de grande intensidade e pressao com periodos de descanso com bola, mas como intuito de repousar. portanto, é a posse pela posse com o objetivo de descansar, de nao prolongar o desgaste emocional e fisico.
daqui depreendemos a necessida de continuar a treinar em termos de aquisicao de comportamentos, devendo, no entanto diminuir-se o nivel de duracao do treino e a densidade, de modo a que haja a possibilidade de se estar maximalmente concentrado.
esta situacao é facilmente perceptivel nas palavras de, mourinho, ou seja, quando tenho dois jogos por semana, trabalhos os grandes principios no dia anterior ao jogo (...) quase parados, periodos curtos, trabalho teorico no gabinete. no campo colocamos os jogadores em posicao a fazer onze contra zero ou onze contra onze, quase sem competitividade, e é mais ou menos dentro disso. o mesmo acrescenta que é importante, a medida que nos aproximamos do dia do jogo, que o treino va diminuindo em termos de densidade, nomeadamente no que toca as exigencias de concentracao. a fadiga do sistema nervoso central é decisiva, e quanto mais nos aproximamos da competicao menos devemos ir ao encontro de exercicios exigentes a esse nivel.
para terminar, carvalhal conclui que a melhor forma de recuperar é solicitar as mesmas estruturas que o jogo requisita, retirando aos exercicios espaco, tempo de duracao e concentracao. para alem disso, refere que a recuperacao dos jogadores ao nivel do sistema nervoso central é fundamental para conseguir que recuperem a capacidade de decidir com qualidade no jogo.
de acordo com frade, (...) fala-se muito em fadiga periferica [fisica], mas tambem se deve falar em fadiga central [do sistema nervoso central]. onde é que esta a diferenca? do meu ponto de vista, a fadiga central é um dos grandes problemas dos desportos coletivos, ja que tem a ver com a concentracao. eu chamo-lhe fadiga tatica porque tem a ver precisamente com a incapacidade do jogador se concentrar por estar cansado de o fazer. é normal ouvirmos dizer: é pá, aquele jogador esta cansado, é por isso que nao larga a bola. como pode estar cansado se se farta de correr com a bola? simplesmente esta cansado de se concentrar e de dosear o esforco, e isso leva a perda de entrosamento.
dai que para faria o desgaste emocional que cada jogo proporciona é que tem uma menor ou maior incidencia sobre o desgaste fisico.
neste sentido, para o autor o segredo da equipe manter os bons niveis de desempenho durante o campeonato seja o reflexo da globalidade do trabalho, com o perfeito conhecimento dos atletas, com um permenorizado trabalho de rotatividade, perspectivado o grupo e a equipe. com um trabalho de estabilidade e mantendo os habitos regulares é possivel que as coisas decorram de forma normal.
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