Se alguem pensa em rotacoes fá-lo com legitimidade. Mas que tenha presente os riscos inerentes!
Como ja foi referido, o elevado numero de competicoes a que os jogadores de rendimento superior atualmente estao sujeitos, entre outros motivos, levou ao aparecimento da teoria da rotatividade.
Com o intuito de verificar esta preocupacao, no seu trabalho, Neves, com uma amostra de vinte e nove treinadores, questionou se a rotatividade de jogadores seria uma necessidade com dois jogos semanais, tendo a maioria respondido afirmativamente.
No entanto, para alguns treinadores esta tendencia nao é preocupacao, nem solucao, mesmo quando a equipe se encontra em varias competicoes. Em defesa desta tese encontra-se Souness, afirmando que é tudo uma questao psicologica, pois jogou durante muitos anos duas vezes por semana e a rotatividade nao era uma necessidade.
Vingada, menciona que a rotatividade seria possivel se os jogadores tivessem a mesma qualidade. Já Ranieri, refere que para fazer rotacoes devemos ter um nivel muito parecido em todos os jogadores, e isso é muito dificil.
Porem, pensamos que a solucao para o problema, e apesar da rotatividade ser uma questao fundamental, tendo jogadores que possam cumprir como os outros, nao passa somente pela qualidade dos jogadores. Ou seja, para se ter uma equipe de qualidade temos de ter jogadores de top? E ja nascem de top?
Portanto, pensamos que a rotatividade tambem é um momento ideal de aprendizagem, pois so jogando é que os jogadores conseguem evoluir. Com a mesma opiniao encontramos Sousa, para quem jogar é sempre muito importante para o crescimento de um jogador de futebol, mas jogar e ser considerado imprescindivel faz-nos crescer ainda mais rapido.
Neste sentido, consideramos que nao é pelo fato dos treinadores modificarem a equipe quando a mesma joga com adversarios inferiores, como acontece por vezes nos jogos da taca de portugal, que estao a realizar rotatividade. A intencao e o objetivo com que realizam a troca de jogadores nao surge do desgaste provocado pelo aumento da densidade competitiva, mas como forma de permitir que todos os jogadores joguem.
O reflexo desta gestao encontra-se expressa nas palavras de santos. durante um jogo do periodo preparatorio reealizado a 15 de agosto de 2006, para quem o mesmo serviu sobretudo para dar rodagem aos jogadores menos utilizados, de modo a estarem aptos a darem uma resposta positiva quando precisar deles. De fato, o mesmo autor, ja no decorrer da competicao a 2 de fevereiro de 2007, referia que ha muito tempo nao mexia na equipe. Acrescenta ainda que a rotatividade que tenha feito prende-se com a gestao durante o proprio jogo, umas vezes tirando uns jogadores e colocando outros, nao pela rotatividade. Nao havera grandes alteracoes na equipe. O principio da estabilidade é fundamental. Quando digo estabilidade, refiro-me ao conhecimento entre os jogadores, a forma como jogam. É fundamental que os jogadores mantenham essa continuidade. Por isso, nao havera grandes alteracoes.
Contudo, com uma visao completamente oposta, encontra-se Jose Mourinho. Ja no momento em que era treinador do Porto, apresentava a necessidade de efetuar rotatividade, de modo a conseguir ganhar a totalidade das competicoes que se encontrava a disputar. Assim, durante a epoca de 2002/2003 nos ultimos quinze dias de novembro os jogadores do Porto, por entre SuperLiga, taca uefa e selecao nacional, realizaram cinco partidas.
Neste sentido, para que os jogadores aguentassem o esforco decorrente do elevado numero de jogos em tao pouco espaco temporal, a gestao do plantel teve de ser estudada e executada ao milimetro, passando pela rotatividade. Reparemos entao nas palavras de jose mourinho: A rotatividade comecou, de fato, no jogo da taca de portugal com o trofense. Recordo-me que este jogo ainda suscitou, por parte de muita gente, algumas duvidas. Sera que ele vai mesmo fazer a rotatividade ou modificou a equipe so porque o adversario é de uma divisao inferior? As duvidas - julgo - ficaram dissipadas. Neste conjunto de jogos nos rodamos a equipe de uma forma significativa. Por exemplo, os jogadores que jogaram contra o Moreirense e na selecao nacional ja nao alinharam contra o trofense. Depois, os que jogaram em casa com o lens, nao jogaram, a maioria deles, nas antas com a academica.
É efetivamente por esta altura que comeca o sistema de rotatividade, mas com resultados praticos extremamente positivos: continuamos a ganhar e mantivemos a nossa coerencia de jogo. Esta rotatividade foi, assi, absolutamente decisiva para o pleno que conseguimos realizar na epoca 2002/03. É impossivel um ser humano realizar o numero de jogos que fizemos durante a temporada - e foram para cima de 50 - ao ritmo a que nos jogavamos. Tem de haver paragens para descanso.
De acordo, encontramos Valdano, para quem é humanamente impossivel jogar com a mesma tensao/intensidade 60 jogos por ano.
Repara-se a este proposito nas palavras de Lobo ao referir-se a Vieira, no momento, centro-campista do arsenal e da franca, clamou precisar de descanso, pois era impossivel fazer 70 jogos por ano e esperar que rendesse o mesmo. Este excesso de esforco e as poucas alteracoes efetuadas por Wenger, levou a que o arsenal fosse afastado da liga dos campeoes e anulou o avanco que tinha no campoenato. Ou seja, na opiniao de Lobo nao soube manejar a rotacao de jogadores de forma a poupar elementos-chaves nos momentos exatos e construir uma linha de rotatividade entre um grupo restrito e especifico de jogadores que, substitindo-se uns aos outros, mantivessem igual rendimento competitivo.
É por esta razao que para frade, o problema da treinabilidade deve ser encarado como uma fenomenotecnica. porque o levar ao terreno é uma fenomenologia (algo que acontece) e que grande parte disso ocorrer bem ou mal é dependente da forma como o treinador atua como o treino (o mais pequeno erro pode deitar tudo por terra), entao essa forma de saber atuar tambem é uma tecnica - propria do treinador.
Daqui se percebe a importancia, de que quer no treino quer no jogo, pensar a rotatividade dos jogadores, para que os aspectos centrais estejam presentes e nao existam grandes diferencas funcionais porque os jogadores estao perfeitamente adaptados a rotatividade e ja tem consciencializadas as acoes centrais pelas quais estao incumbidos de cumprir.
Do exposto, podemos perceber que a rotatividade quando é pensada como rotatividade, nao significa tirar onze e menter onze jogadores, na melhor das hipoteses, tres ou quatro alteracoes, e de forma a nao alterar a estrutura funcional da equipe.
De acordo com frade os aspectos centrais centram-se nos principios de treino e na consciencializacao das acoes por parte dos jogadores. dai que quando eles jogam de uma forma geral, o jogo da equipe nao se altra (essencia inalterada).
E, de fato, para ranieri é muito dificil realizar rotacoes, fazendo com que elas saiam bem, pois se rodamos demasiado, alguns automatismos estao estao criados podem-se perder.
Partilhando da mesma opiniao encontramos bento ao referir que nao fara rotatividade de seis ou sete jogadores de um jogo para o outro, mas havera alteracoes, dentro daquilo que perspectivamos para cada partida. Ha rotinas e automatismos que se vao criando, nao sendo aconselhavel efetuar muitas modificacoes de uma partida para outra.
Outro aspecto a avaliar na utilizacao da rotatividade, esta relacionado com a construcao do plantel. sendo assim, queiroz entao treinador do real madrid indicava que o seu plantel devia ser constituido por 21 ou 22 jogadores. Apontava ainda que o que eu quero é um plantel curto para que o trabalho tenha mais qualidade.
Ja para santos as equipes que efetuam rotatividade tem apenas 20 jogadores, o que nao parecer ser possivel acontecer com um plantel de 29. Tao elevado numero de jogadores acaba tambem por criar um foco de insatisfacao que gera instabilidade, sendo tambem mais dificil planear o treino para que todos possam mostrar potencialidades ao longo da semana. Desta forma, o plantel deve possuir 18 ou 19 jogadores e tres ou quatro jovens, mas com qualidades para serem observados.
Tambem Carvalhal, expressa o gosto por um plantel curto, com dois jogadores por posicao, que possa gerar uma competitividade interna elevada, para que todos acreditem que podem jogar no proximo domingo. Este fator motivacional é muito importante.
Para terminar, como facilmente se percebe nas palavras de mourinho, ferreira, carvalhal e pereira a rotatividade enquanto aspecto metodologico do treino, alem das preocupacoes abordadas ate ao momento, contribui tambem para a melhoria da confianca, da motivacao dos jogadores e das equipes.
Atendamos assim aos seguintes exemplos que parecem ser elucidativos desta situacao:
A rotatividade nao é sinonimo de poupanca, ou de menos tensao ou de menos interesse por uma competicao que parece bem encaminhada. o ponto mais importante da rotatividade é a motivacao e a uniao de um grupo. quando rodo os jogadoresl, quando todos tem as oportunidades e quando um jogador nao esta muito tempo sem jogar, todos se mantem motivados e a atmosfera do grupo é mais solidaria.
Bons jogadores nao ganham campeonatos, estes sao ganhos por bons grupos. mas nao posse deixar que os jogadores percam a confianca nem fiquem 10, 12 ou 14 jogos sem jogar. tenho de fazer rotacoes para manter toda a gente feliz.
tenho de trocas duas ou tres unidades. nao so porque alguns jogadores contam com alguns problemas, mas tambem porque alguns dos jogadores poucas vezes titulares merecem jogar. prefiro ter o meu grupo alegre e motivado, e é normal que mude algumas pecas.
nao tenho uma primeira e uma segunda equipe. os jogadores que discutem o lugar treino a treino e jogo a jogo, se responderem ao mesmo nivel, causarao dificuldades para escolher entre os onze e os dezoito, mas terao todos oportunidade de jogar. e isto porque espero que o braga consiga estar nas tres competicoes o mais tempo possivel... no campeonato vai estar 34 jornadas, na taca de portugal vai tentar chegar o mais longe que poder e na uefa vai tentar entrar na fase de grupos, o que permitira a todos os jogadores varias oportunidades para demonstrarem a suas capacidades... os jogadores que fazem parte do plantel sao bons, sao os que gosto e se todos trabalharem vao jogar todos.
nao ha onze ideal. vamos ter um acrescimo competitivo, com a liga dos campeoes. a dor de cabeca é relativa, pois podemos rodar jogadores, uma vez que estamos inseridos em tres competicoes, sendo que a mudanca de muitos jogadores é positivo.
jogarao os que estiverem em melhores condicoes, nao ha lugares cativos. e complicado era ter problemas e nao existirem solucoes. é o contrario, temos muitas e boas solucoes, nunca tive problemas em fazer escolhas...
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