O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

sábado, 28 de novembro de 2009

Fluminense peca no ataque

Abaixo tentei fazer uma análise do jogo entre LDU 5 x 1 Fluminense, pela Copa Sul-Americana, as considerações serão feitas no final.

Obs: A plataforma acima é um 3-4-3, não colocarei a outra por ocupar muito espaço.

PLATAFORMA TÁTICA

Plataforma Clássica: 3-4-3 ou 3-5-2 (Quem considerar que Conca atuou como um atacante é 3-4-3, para quem o considerar que foi um meia é 3-5-2).

Plataforma Fracionada: Para quem considerar o esquema o 3-5-2 a plataforma fracionada é 3-4-1-2, para quem considerar o 3-4-3 a plataforma fracionada é 3-2-2-3.

REFERÊNCIAS ESTRUTURAIS DE DEFESA

Contenção:
A equipe não conseguiu evitar a progressão dos jogadores adversários.
Conseguiu restringir parcialmente as possibilidades de passes entre os inimigos.
Conseguiu diminuir parcialmente o espaço de ação ofensiva do portador da bola inimigo.
Não conseguiu evitar o drible.
Não impediu as finalizações e nem parou os ataques.
Conseguiu temporizar bem as jogadas.

Cobertura Defensiva:
Conseguiu efetuar bem a cobertura defensiva, principalmente pelos volantes Diguinho e Diogo e pelo zagueiro Dalton.

Equilíbrio:
Não apresentou dificuldades para marcar eventuais jogadores que receberiam a bola.
Demorou consideravelmente para recuperar a bola, a LDU conseguia trocar uma grande sequência de passes.
Apresentou muitas dificuldades para tirar a bola da zona de pressão.
Conseguiu assegurar uma certa estabilidade defensiva na região de disputa da bola.

Concentração:
Não conseguiu dimuir a amplitude e profundidade adversária e em quase todos os momentos deixou espaços livres.
Conseguiu ter uma proteção defensiva, onde manteve um bom número de jogadores próximos ao portador da bola.

Unidade Defensiva:
Conseguiu se defender em bloco.
Não conseguiu diminuir a amplitude e profundidade adversária.
Conseguiu propiciar regular ocupação espacial e numérica próxima a bola.
Não conseguiu obstruir linhas de passes.
Conseguiu manter estabilidade espacial.
Não conseguiu ter uma sincronia entre as linhas.

REFERÊNCIAS ESTRUTURAIS DE ATAQUE

Penetração:
Não conseguiu progredir em direção ao gol e a linha de fundo.
As penetrações ocorrem de forma apoiada no setor de meio, já quando se estende ao ataque é de forma, praticamente, individual.
Não conseguiu criar situações vantajosas espacial e numericamente.

Cobertura Ofensiva:
Péssima aproximação entre os jogadores na fase ofensiva, com isso, teve dificuldades em criar linhas de passe e circulação de bola que ajudam na progressão ao ataque.
Não conseguiu tirar a pressão sobre o portado da bola.

Mobilidade:
Boa mobilidade com o atacante Alan, o que nao se estende aos outros atacantes.
Não conseguiu criar linha de passe em profundidade.

Espaço:
Não conseguiu cumprir bem esse principio, restringiu muito seu campo de jogo efetivo.

Unidade Ofensiva:
Não conseguiu atacar em bloco.
Não conseguiu ter um deslocamento fácil e positivo para o campo de jogo ofensivo.
Não conseguiu propiciar uma regular quantidade de jogadores próximos do portador da bola.
Conseguiu oferecer segurança ofensiva, ou seja, o time poderia atacar despreocupado com o ataque adversário, caso o adversário, realmente, tomasse a bola.

MODELO DE JOGO

Modelo Organizacional (M.O):

Organizacão Ofensiva
- Preconiza o jogo atráves das laterais;
- No tiro de meta o goleiro sempre chuta para frente e o Fluminense nenhuma vez conseguiu pegar a bola, e mesmo assim essa jogada persistiu;
- Os jogadores de defesa, muita vezes, também fazem uso do chutão para a bola chegar ao ataque;
- Inexistência de uma circulacão de bola, o Fluminense não conseguiu completar 2 ou 3 passes, não tem eficácia no passe, o que impossibilitou, assim, uma baixa posse de bola;
- Preconiza aberturas de jogo verticais;
- Tenta bastante jogadas individuais;
- Dificuldade de progressão, já que não consegue tocar a bola, e consequentemente grande número de finalizações a longa distância;
- Sempre tenta a progressão ao ataque;
- Nos poucos toques que consegue concluir apresenta pequenas tabelas curtas e lentas;
- Tentativa de criar linhas de passe em profundidade;
- Preconiza, como método de jogo ofensivo, os ataques rápidos e em menor escala contra-ataques, pelo tempo de jogo observado não foi visto nenhum ataque posicional;

Organização Defensiva
- Preconiza a tentativa de obstrucao de linhas de passe entre os jogadores inimigos;
- Utiliza um bloco Médio-Baixo;
- A defesa é regurlamente compactada
- Preconiza, no tipo de organização, a zona ativa;
- *Preconiza, como forma de marcação, a marcação Hibrida.
- A equipe começou a marcar, predominantemente, nas linhas 2 e 3.

*Detalhamento da forma de marcação: Os zagueiros Gum e Cássio marcaram de forma individual os jogadores W.Calderón e Bieler, sempre havendo trocas em quem marca quem; Dalton ficou como o zagueiro da sobra e atuou marcando em zona, fazendo eventuais coberturas; O ala Marquinhos marcou em zona enquanto o ala esquerdo Mariano marcou individualmente De la Cruz; Diguinho e Diogo marcaram individualmente Bolanos e Mendéz, havendo trocas em quem marca quem; Os jogadores Fred, Alan e Conca marcaram em zona.

Modelo Transicional (M.T):

Transição Ofensiva
- Valoriza bastante as jogadas de bola parada;
- Não valoriza esse momento de transição como uma tentativa de fazer gols;
- Não desenvolve com rapidez esse momento, aliás, nem desenvolve pois perdi rapidamente a bola;
- Tentativa de jogo apoiado com os jogadores mais próximos que estejam adiantados;

Transição Defensiva
- Preconiza o ataque imediato ao portador da bola para retomar a posse de bola;

DINÂMICA DE JOGO

Dinâmica:

Durante a fase de organização ofensiva era sempre tentado a abertura e subida com Marquinhos, e em menor escala o toque e desenvolvimento de jogo com algum dos atacantes.

O lado direito da LDU (esquerdo do Fluminense) foi o mais explorado pelo time da LDU, talvez isso tenha ocorrido por o ala esquerdo, Marquinhos, ser muito usado para atacar e com isso deixar um espaco para o ataque inimigo.

A maior parte dos jogadores do Fluminense marcaram de forma individual, ficando quase somente os atacantes marcando em zona. Então, o que ocorreu foi que o jogador da LDU W.Araujo meio que sobrou nessa marcação e não tinha ninguém para o marcar, a sorte do Fluminense é que o jogador pouco avançava e oferecia riscos ofensivos.

O Fluminense possui ritmo de jogo Lento/Médio.

A marcação, predominantemente, individual que o Fluminense aplicou contra LDU, faz o marcador correr em função dos deslocamentos do jogador a ser marcado, e por o jogo ser em alta altitude, o que aumenta o desgaste fisico, o Fluminense se desgastou muito fisicamente e cansou rápido, não é à toa, que jogadores tiveram de ser substituidos pelo cansaço.

O Futebol funciona como uma cadeia, onde uma coisa leva a outra, o Fluminense não teve uma boa cobertura ofensiva, independentemente da cobertura, não conseguiu trocar 2 ou 3 passes, se não trocou passes não houve circulação da bola, se não houve circulação da bola se teve, no minimo, dificuldades de penetração, se não se penetra e complicado gerar oportunidades de atacar, e muito mais complicado de se fazer gols.

É interessante perceber que apesar do Fluminense ter feito uma boa marcação na LDU, pequenos descuidos resultam em grandes problemas, no primeiro e no quarto gol, houveram falhas da parte dos jogadores que faziam a marcação individual contra o jogador que fez o gol, no quarto também houve um problema na cobertura, já no terceiro gol o problema foi a retirada da bola da zona de pressão, no restante dos gols não podemos apontar culpas.

O modelo de jogo do Fluminense preconizou, pelo menos pareceu, a abdicação da circulação e posse de bola, o que gerou que o Fluminense fosse a todo momento atacado e pressionado, o time, no entanto, não respondeu muito bem, pois apresentou falhas nas marcacão, ver o primeiro, terceiro e quarto gols, bem como cansou-se rapidamente pois a marcação individual faz você correr em função do objeto marcado, e na altitude cansa mais que o comum, outro detalhe interessante, que vai contra o modelo proposto, é a opção por dois alas que deixam, um pouco, a desejar na marcação.

O Fluminense jogou com 3 atacantes e seu modelo de jogo não prezava por um bom jogo ofensivo, vemos então falta de congruência entre o modelo e o jogar do time, se tivesse recuado/tirado 1 atacante para ocupar melhor seu campo defensivo, poderia não ter levado tantos gols.

O que podemos esperar do jogo de quarta-feira é que se o Fluminense corrigir algumas de suas falhas ofensivas, como a circulação de bola e a mobilidade, tem possibilidades de vencer a partida, embora, talvez, não consiga reverter o placar.

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