O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

sábado, 26 de setembro de 2009

O futebol é mais do que a bola: Parte II

Nesse artigo falarei, brevemente, sobre um grande e importante assunto, a marcação. De uns tempos para cá, a palavra vem sendo usada arbitrariamente, pelos "profissionais" (?) de televisão, jornais e revistas, e designa, como uma fórmula mágica, o ideal jogo de futebol, para estes que a empregam, é claro.

A coisa funciona, mais ou menos, assim:

Se um time tá perdendo ou a partida se encontra empatada é porque um dos times não encaixou a marcação e está dando espaço ao adversário.
Se a equipe tá ganhando é porque a marcação é efetiva e consegue deter o inimigo.

Se Zina é o poeta de uma única palavra, os comentaristas são poetas de duas frases, as que estão acima. Usando esse conceito, descomplexamos o futebol e damos uma única cura para inúmeros problemas, simples, não?. Esqueçamos essa introdução patética e vamos ao que importa.

No futebol, existem duas formas, portanto, por serem formas, têm regras e métodos, de se marcar. A primeira, ou a segunda e vice-versa, é a ativa, que podemos denominar por pressing ou pressão, e a segunda é a passiva, que didaticamente, chamaremos de João Bobo, por simular o movimento do boneco em questão.

Marcação Ativa (Pressing ou Pressão):

O pressing ou pressão é uma marcha defensiva que obstina encurtar os espaços do campo do adversário atráves de uma urgente e esmagadora compressão, muitas vezes, por marcar uma transição ofensiva, defesa para o ataque, pode ser denominado caracteristicamente por uma movimentação ofensiva de cunho defensivo.

Nessa agitação sistemática, todo um time "A" ou jogadores de um determinado setor deslocam-se em função de uma referência comum ou não do time "B", ocupando, assim, estrategicamente os espaços do campo que estejam em proximidade com o seu referido, com isso, busca-se a aniquilação total, embora nem sempre seja alcançada, de opções e linhas de passes adversárias, o que resulta, por sua vez, numa recuperação da posse de bola ou ganho no tempo de jogo.

Pode-se considerar que se a bola for roubada usando o sistema de pressing teremos êxito parcial em sua aplicação, contudo, para que a revolta seja completamente bem sucedida é essencial a continuidade pós-recuperação de bola, para tanto, o time "A" necessitará criar condições de jogo favoráveis a si e atacar a equipe adversária "B".

Por se tratar de um movimento defensivo que demanda treinamento, organização tática e desgaste fisico dos atletas, é difícil encontrar equipes que joguem, toda uma partida, em pressing, o que não implica em dizer que não possa ser usado em vários momentos de um duelo.

Marcação Passiva ("João Bobo"):

A marcação joão bobo é aquela antagónica a ação pressing, nesse movimento não existe a noção de encurtar o espaço do adversário, de ser urgente nem esmagatoria, pelo contrário, sua principal característica é exatamente a ausência de agressividade e o defesa posicional.

O movimento pode separado em duas partes:

- Marcação Passiva Individual;

- Marcação Passiva Coletiva;

A marcação passiva individual é cometida por um individuo e ocorre de forma não organizada, de um modo geral não é obrigatorio que esse movimento não denote agressividade.

A marcação passiva coletiva é cometida por toda a equipe ou por setores e dessa maneira envolve um nivel organizacional. Essa ação, ao contrário da pressão, é marcada por ser apenas uma tentativa de marcação para se tentar o roubo da bola, não envolvendo caracteristicas de insistência, compressão, agressão e urgência, que são inerentes ao pressing.

O joão bobo individual e coletivo podem ocorrer ao mesmo tempo e possuem estruturas iguais a da pressão.

Abaixo, segue a estrutura da Marcação Ativa e Passiva:

Espaço: Parte do campo em que se inicia;

Tempo: Ocasião em que se deve começar;

Referência: Recursos que podem ser usados como referência para se iniciar a marcação ativa ou passiva;

De acordo com a linha que sejam feitas, as marcações podem obter as seguintes nomenclaturas:

Marcação Ativa ou Passiva Alta: Ocorre nas linhas 1 e 2 do campo;

Marcação Ativa ou Passiva Média: É usada este nome quando uma equipe varia entre momento Alto e Baixo;

Marcação Ativa ou Passiva Baixa: Ocorre nas linhas 5, 4 e 3 do campo;

É interessate registrar duas coisas: Esse conteúdo foi um breve comentário do que ainda quero trabalhar do assunto no blog e que a marcação passiva ainda é muito inexplorada, esse ano consegui a observar no primeiro jogo do Manchester City na Premier League.

Para concluir, o assunto debatido nesse post foi feito em parte exclusivamente por mim e outra conceitos já existentes, não posso afirmar que estou certo nem quero que concordem comigo, entretanto, em caso de discordância é sempre positivo apresentar argumentos e ideias e não apenas criticas.

Um comentário:

Saulo disse...

Excelente texto. Muito bom.