O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Barcelona Brasileiro. Sim, nós o temos!

Perante as conquistas do Barcelona, ano passado, a equipe foi intitulada a reveladora de talentos, pois contou com 7 jogadores oriundos da base para fazer sua belissíma campanha. Aqui no Brasil também temos o nosso Barcelona, a equipe do Goiás está em terceiro no Brasileirão e jogando um futebol tão vistoso que dá prazer de ver, o melhor de tudo é que assim como o Barça o time goiano conta com várias surpresas da base.

O Goiás entrou em campo diante do Flamengo trajando um original 3-4-3, com um trio de zaga bastante entrosado, dois volantes de marcação, dois alas rápidos, e um ataque que, nessa partida, teve a composição de dois meias dos mais eficientes do futebol brasileiro. Vamos então ao que interessa...

A equipe goiana joga com um trio de zaga que não se limita simplesmente a defender, pela esquerda Ernando sobe fazendo a dobradinha com Júlio César e "empurrando" o ala mais para o ataque por dentro, pela direita o mesmo acontece entre Rafael Tolói e o ala Douglas, outra caracteristica da equipe é quando o ala e volante do setor estiverem marcando em seus lados o zagueiro desse flanco é liberado e passa a marcar algum jogador que esteja no meio de seu campo. A recomposição defensiva rápida também impressiona, em poucos segundos já estão praticamente todos do time menos os jogadores de ataque.

Fazendo a proteção do trio de zagueiros se encontram os volantes Fernando e Amaral, este último das categorias de base. A dupla é excelente no desarme e se entende perfeitamente, ambos não apoiam e só se adiantam para pegar a 2ª bola no ataque, no avanço de um dos zagueiros o volante fica em seu lugar bem como cada um faz a cobertura do "seu" ala, predominantemente Fernando se desloca por todo o setor defensivo enquanto seu companheiro restringe-se a esquerda.

Nas alas direita e esquerda está todo o funcionamento do jogo do Goiás, sem os ofensivos alas a equipe não seria nada. Júlio César e Douglas são muito rápidos, jogam bem por dentro, por isso são alas, e apoiam ao mesmo tempo. A interação deles com os meias faz o time ganhar profundidade e amplitude, e para fechar com chave de ouro os "cara" ainda marcam super bem. O único problema do excessivo uso dessa "arma", que são os alas, é que o jogador se cansa muito rapidamente.

Os atacantes foram Iarley pelo centro com Felipe Menezes e Léo Lima, que são meias, com liberdade de se posicionarem e também de desenvolver o jogo. Para facilitar a mobilidade dos meias, os alas carregam a bola até eles ou o próprio Iarley e assim articulam, Felipe e Leó são jogadores habilidosos, dribladores e pouco agéis, por isso, também, a importância dos alas.

Comummente, pela habilidade dos meias, eles atraem mais que um marcador e nessas jogadas individuais, ou de tabelas, conseguem deixar o atacante ou mesmo um dos alas que se aproveitam, nesse momento, de cara para o gol, as jogadas áereas, onde ambos pegam muito bem, é outro ponto bastante explorado, além de chutes de média distância. Percebi também que Iarley se mostrou excelente nesse quesito lançamentos.

Realmente o Goiás me encantou, uma equipe que usa de uma grande aplicação tática e compreendimento de jogo, valoriza e usa sua categoria de base, que sabe atacar e o faz com maestria e também sabe se defender muito bem, no jogo de ontem, por exemplo, fazia pressão no Flamengo já acima da linha que delimita o meio-de-campo com os atacantes e nas faixas inferiores com volantes e alas, uma cena bela de ver.

Peço aos leitores que comparem esse 3-4-3 do Goiás e o mesmo esquema adotado pelo Vitória, apesar dos dois times jogarem na mesma plataforma a execução e subjetividade de cada jogador faz tudo mudar. Com isso chegamos a velha máxima que esquema não ganha jogo.

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