O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

domingo, 3 de maio de 2009

Depois do resgate do 4-3-3, será a vez do 4-2-4?

Pretendo iniciar um grande debate no blog, o assunto base é: Esquemas Táticos Modernos e Antigos e algumas peculiaridades que os envolve. Esse primeiro post, sobre como jogou o líder da Ligue 1 contra o Toulouse, contribui bastante para principiar, de forma consistente, o que desejo passar aos leitores.

O Olympique de Marselha jogou num 4-4-2 variando para uma espécie de 4-2-4 sem ofensividade. Agora eu misturei a cabeça dos leitores, né? Não se usa 4-2-4, ainda por cima sem ofensividade com quatro atacantes? Sim, é isso mesmo...

Se defendendo o Marselha usa um banal 4-4-2 britânico que não acrescentaria muito explicar aqui, pois todos já sabem como funciona. Com a bola a equipe se transforma e resgata o 4-2-4, esquema inventado na década de 50 pelo treinador brasileiro Martim Francisco, veja como funciona:

O quadrado defensivo, de quatro homens, é formado pelos zagueiros Hilton e Civelli e os volantes Cana e Cheyrou, volantes que sabem sair pro jogo e ficam no meio-de-campo como opções de tabela e fator surpresa no ataque, além de recuarem em caso de contra-ataque.

Ziani e Valbuena jogam como meias abertos sempre tentando infiltrações pelas laterais do campo no 4-4-2, já no 4-2-4 se estabelecem nas extremidades como pontas, e associados aos atacantes moldam a linha pouco agressiva de ataque.

Com a transformação dos meias em atacantes, os laterais Zubar e Kaboré viram meias com o dever de fazer toda a articulação ofensiva, articulação essa que se reduz a insistir nas jogadas aéreas para área e tabelar principalmente com o ponta do seu setor, - Ziani ou Valbuena - não esquecendo de recompor a defesa.

Completando a linha de quatro atacantes temos Brandão e Niang. O brasileiro Brandão faz o estilo pivô, efetuando bem a parede mas pecando em não girar para arremeter, seu companheiro tem caracteristicas bem parecidas com as dele, com a diferença de ter uma maior movimentação.

Pelo que observei, dessa partida, é um erro o Marselha usar esse 4-2-4, pois seus jogadores não possuem caracteristicas para esse esquema. A equipe até consegue uma boa ofensividade contra times menores, como o Toulouse, mas considero quase impossivel algo do tipo contra equipes razoavelmente estruturadas.

É possivel, sim, usar um 4-2-4, como esquema principal ou variação, no entanto não são todos os times que o podem aplicar, pelo fato desse esquema exigir treino e caracteristicas específicas dos jogadores.

No caso da equipe francesa os meias viram atacantes mas não conseguem dar agressividade ao time, pois não possuem esse estilo.

As outras questões são problemas referentes ao não treinamento dessa filosofia, vimos, por exemplo, mal cobertura das laterais - que ficam expostas quando os laterais viram meias e atacam - por parte dos volantes, demora no timing de transição dos pontas e meias para a defesa e falta de criatividade dos articuladores de meio. Tudo isso provoca um mal exemplo de uso do esquema.

A parte positiva do resgate do 4-2-4 pelo Olympique foi a de provar, para o mundo do futebol , que tanto esse esquema quanto tantos outros ditos "antigos" podem ser usados atualmente, lembrando sempre que com algumas adaptações, é claro, pois o futebol cresce em ritmo acelerado.

Começarei uma série de posts, sem previsão de terminar, onde abordarei assuntos inerentes ao que falei aqui, convido todos a participar.

3 comentários:

Anônimo disse...

O Manchester united nos ultimos jogos usou praticamente um 4-2-4 com rooney e cristiano ronaldo abertos tevez e berbatov centralizadas

João Henrique T.L.C disse...

Na verdade o Manchester não usa um 4-2-4, - pelo menos nunca vi - o que ocorre é que Rooney e Ronaldo quando atuam de extremos apoiam simultaneamente. E esse ato de apoio deles não significa que são atacantes, isso nada mais é que a tática individual, afinal Rooney também combate na defesa e nem por isso é zagueiro. Não sei se deu para compreender, qualquer coisa é só postar. Abraços

Anônimo disse...

bom comeco