O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os "barçadores" de mitos

Sem um protagonista especifico, mas jogando de forma coletiva como um esquadrão, o Barça quebrou alguns tabus que se tem atualmente no futebol, além de dar um espetáculo à parte. Caso os visitantes não se classifiquem no jogo de volta na Inglaterra será uma tristeza para os amantes do bom futebol.

A equipe catalã comandada por Pep Guardiola atuou no 4-3-3 - ou 4-1-2-3. A zaga possui dois zagueiros técnicos, - até me impressionei com a categoria com que Pique carregava e passava a bola pros jogadores de meia, fato que ocorria quando o Chelsea fazia pressão na defesa adversária - um lateral-zagueiro - Abidal - e a proteção do "volantão" cabeça-de-área Toure.

Nessa partida especificamente onde o meio-campo era a área mais congestionada, o jogo lateralizado tinha uma importância incomensurável.

Daniel Alves representou a maior fonte de escape das jogadas, onde dava profundidade, cruzava, "empurrava" Messi pra frente - ou trabalhava no 2-1 com o hermano - e fazia parte de uma execução faceira de conexão de passes. E é aquele negócio: quando um lateral é apoiador o outro precisa compensar, Abidal segue exatamente esse preceito.

Os dois meias abertos se confundem um pouco a volantes, como atuam mais adiantados que Toure, o meio acaba por forma um losango. Ambos os meias possuem total liberdade do ponto de vista ofensivo, podendo atuar pela esquerda, centro e direita, entretanto, Iniesta se desenha mais pela esquerda e Xavi direita.

Iniesta ataca fazendo a diagonal da esquerda pro meio - também auxilia Henry pelo flanco esquerdo - e seu companheiro da direta pro meio, ambos também são encarregados de fazer a saída de bola e a voltarem para marcar, não é à toa, que Xavi sempre fazia a cobertura de Daniel, já Iniesta não tinha essa função, visto que Abidal não apoiava.

No ataque o "trio goleador" é formado por Henry, Eto'o e Messi. Os três atacantes voltam pra procurar jogo sempre, cada um pelo seu setor, apesar de ficarem no centro-médio não aparecem propriamente na defesa. Quando o clube catalão está atacando se agregam ao ataque os meias e o lateral direito, logo vira um sexteto que não tem protagonista, onde cada um tem seu papel e importância dentro do todo.

O Barcelona desmistificou alguns mitos no jogo de hoje, como: Time que joga no 4-3-3 não consegue ter uma marcação forte nem manter uma boa quantidade na posse de bola. Isso é mito.

Foi aplicada uma excepcional marcação ao Chelsea, começando com a pressão dos "pontas" nos laterais e de Eto'o no zagueiro que tem a bola, posteriormente Daniel pega Malouda e Abidal Essien, enquanto Xavi,Iniesta e Toure fecham nos outros 3 meio-campistas do Chelsea e Drogba fica isolado na frente com a marcação de dois zagueiros.

E o sucesso dessa marcação é devido a perfeita aplicação do sistema de pressing, onde todos os jogadores atacam e defendem mesmo que estejam sem a bola, e foi exatamente isso que fez o Barça, quando com a bola todo mundo no ataque e sem a bola recuava todos os jogadores.

O outro mito que foi abaixo é o da posse de bola, o Barça deteve simplesmente 71% da posse de bola, incrivel não? A equipe trabalhou muito a bola, quando os catalões roubavam a bola dava inicio a uma série complexa de passes rápidos entre os jogadores, o detalhe principal é que era raríssimo passes errados.

Espero que com o sucesso desse 4-3-3 dos espanhóis, os mitos e incertezas sobre esse esquema acabem e os treinadores brasileiros repensem seu uso.

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