O animal satisfeito dorme (Guimarães Rosa)

domingo, 10 de maio de 2009

"O Herói Vilão" - Duelo dos Iguais: Parte III

Como já se era esperado no jogo de volta entre Chelsea e Barça, no estádio Stamford Bridge, o time da casa adquiriu uma postura mais agressiva, pelo menos até marcar o gol, já os visitantes não se acovardaram mais também não conseguiram práticar seu jogo.

Ambas as equipes usaram um 4-3-3, só que com algumas diferenças, que ocorrem devido as diferentes características dos jogadores e a estrategema de cada treinador.

Do lado do Barcelona foi mantido o tradicional 4-3-3, houve entretanto algumas diferenças de jogadores devido a ausência de Henry, mas o padrão foi o mesmo de sempre: um volante de contenção (Busquets), dois meias abertos para fazer a saída de bola e criar o jogo (Keita e Xavi), dois pontas de movimentação (Messi e Iniesta) e um atacante central (Eto'o). Apesar de parecer pouco significativa, a carência de Thierry Henry desencadeou um negativo efeito dominó na equipe.

Sem atacantes para substituir Henry, Guardiola improvisou o meia Iniesta na posição e para cobrir a vaga de Iniesta colocou Keita. Esse movimento acabou gerando um ciclo vicioso no jogo do Barça, com a saída do sempre habilidoso e veloz Iniesta o meio de campo perdeu criatividade e aquele habitual bom primeiro passe, uma vez que Keita é limitado tecnicamente em comparação a Iniesta, e já prevendo esse acontecimento o técnico escalou Busquets como volante, visto que o jogador dá mais qualidade ao meio do que Touré, em compensação piora a marcação no setor.

O problema no meio prejudicou o ataque no seguinte motivo: A bola não chegava e Iniesta - por dos três não ser o "atacante de origem" - começou a se deslocar para buscar jogo e tentar algo, fato que o prejudicava na sua função de ponta, pois deveria se manter presente no flanco esquerdo e não dispersado pelo campo.

Com essas falhas no setor da esquerda agregado a caracteristica defensiva de Abidal, o jogo do Barça se desenvolveu quase plenamente pela direita, nas triangulações entre Daniel Alves, Xavi e Messi, eu disse quase "plenamente" porque no 2º Tempo, de forma desorganizada e desesperada, Iniesta arriscou muitas jogadas individuais pela esquerda.

O Chelsea também teve grande contribuição para dificultar a atuação de Keita e conseqüentemente do Barça, o time marca forte e jogou relativamente fechado após fazer o gol. A equipe se posicionou em um 4-3-3 que, quando dissecado, é na verdade 4-2-3-1 ou 4-5-1. Os pontas dos Blues, diferentemente dos do adversário, recuam e formam uma linha de três com Lampard, Malouda, por exemplo, marcou Daniel Alves todo o jogo e combatia mais na defesa do que atacava, o mesmo em menor intensidade vale para Anelka.

Esse 4-2-3-1 se transformava em um 4-5-1 quando o meia Ballack e o volante Essien avançavam e completavam o meio, formando uma parede contra a defesa do Barça. Dois dados interessantes é que dos 15 chutes ao gol do Barcelona 13 foram de fora da área, o que comprova essa marcação e falta de espaço e criatividade para articular, enquanto que das 13 oportunidades do Chelsea 7 foram pela esquerda, o que nos mostra o quanto Malouda atou nas costas do lateral direito catalão - que como já disse, no post do jogo de ida, é a válvula de escape das jogadas da equipe - e como Busquets ficou devendo na cobertura do mesmo.

Com a passagem do Barça para a final da Liga dos Campeões, irei preparar um post especial analisando o duelo do dia 27 de maio entre Manchester e Barça, o vencedor ainda será tema de debate para outro assunto que desejo tratar aqui no blog.

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